Jovens escandinavos prontos para crescer em Lisboa
Parecem iminentes as contratações de Casper Tengstedt e Andreas Schjelderup por parte do SL Benfica. O que os une e o que os separa?
Um dinamarquês a jogar na Noruega e um norueguês a jogar na Dinamarca. Confuso, não parece? Mas não é caso para tanto. É apenas uma das curiosidades que une os nórdicos que podem ser reforços do SL Benfica durante a janela de transferências de janeiro.
Além do intercâmbio geográfico, ambos os jogadores também pisam, grande parte do tempo, o último terço do terreno. Ainda assim, a contratação de um, nunca pareceu ofuscar a outra, e após os rumores da contratação fugaz de Casper Tengstedt, não tardou até que Andreas Schjelderup voltasse a tomar conta das manchetes dos jornais dinamarqueses e portugueses.
Num 4-2-3-1, o dinamarquês pode assumir o papel de ponta de lança e o norueguês, o de extremo a descair para o meio.
Com ambas as chegadas à Luz, parece ficar cada vez mais vincada a vontade de Roger Schmidt tornar o ataque encarnado ainda mais móvel. O seu clássico gegenpressing ganha dois elementos fundamentais, muito devido à intensidade que apresentam nos seus clubes, com destaque para a facilidade nos duelos de Tengstedt e a maior técnica de Schjelderup.
Após a contratação acertada de Fredrik Aursnes, chegam mais dois nórdicos, e os responsáveis das águias esperam que o resultado seja semelhante, ou até melhor. O mercado do norte da Europa está a abrir portas que pareciam fechadas no início da última década.
Como joga Casper Tengstedt?
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O dinamarquês do Rosenborg traz na mala e carimbado no passaporte 15 golos em 14 jogos pelos noruegueses, que apenas o contrataram no mercado de verão de 2022. Em meio ano, o avançado passa de custar apenas um para depois render nove milhões de euros, um verdadeiro jackpot para um dos clubes mais históricos da região.
No campo, é uma pulga que não se cansa de percorrer o terreno atrás da bola, para depois a tratar bem quando está em sua posse. Não só marca muito, como também assiste, e gosta de andar solto no campo, pelo que a versatilidade também pode ser uma caracteristica que o define, o que não permite que se seja taxativo em qual é a sua verdadeira posição.
É um nómada, e jogava num sistema com dois avançados. Por isso, não é raro vermos momentos de Tengstedt a descair, preferencialmente, para o lado esquerdo do campo (apesar de ser destro). Mas, com a mesma facilidade, retoma a zona interior e, de frente para a baliza, finaliza com bastante qualidade, quer com o pé, tal como com a cabeça como os números o demonstram.
Apesar de também assistir bastante, não pode ser considerado um construtor de jogo. Em espaços curtos perto da grande área, ou dentro, é bastante associativo e agressivo, com muita facilidade em esconder a área dos defesas e essas características permitem-lhe aumentar a contagem dessa estatística.
E como joga Andreas Schjelderup?
O norueguês parece, logo à primeira vista, ser o jogador que faltava na rotação encarnada. Apenas com Rafa e um inconstante David Neres, o SL Benfica garante um atleta que ainda chega como um diamante por lapidar no Seixal, visto que apenas cumpre 19 anos no próximo mês de junho.
Mesmo sendo quatro anos mais novo que o futuro colega escandinavo, é inegável a maior margem de progressão do petiz. Ainda no primeiros ano de maioridade, já se afirmou no campeonato dinamarquês, ao serviço do Nordsjaelland, e marcou 10 golos em 17 jogos na Superligaen de 2022/23 - tornando-o, também, o melhor marcador da competição.
De forma clássica, Andreas pode ser considerado um extremo. Na prática, se lhe pedirem, pode preencher todas as zonas atrás do ponta de lança, e trata-se, tal como Casper, um à vontade no lado esquerdo, apesar de utilizar o pé direito como seu predileto com a bola em sua posse.
O futebol por vezes prega-nos partidas, e esta é mais uma: apesar de Schjelderup ter um carimbo de playmaker no seu estilo de jogo, tem menos assistências no seu currículo, o que também quebra alguns esteriótipos de que as estatísticas definem o papel de um atleta em campo.
Depois de o criticar na linha anterior, ainda assim, salto para o mundo do pré-concebido para dizer que os jogadores nórdicos são conhecidos por tudo o que dão aos seus colegas, e o jovem norueguês enquadra-se nessas características.
Com o esférico no seu pé, Schjelderup, sempre com a cabeça levantada, tenta encontrar sempre o melhor passe, e faz isto em alta velocidade. Contudo, ainda não se sente à vontade quando a bola é lançada em velocidade, sendo o jogo posicional a sua maior arma. Descansa perceber que ainda tem muito para crescer e pode preencher todas as lacunas que ainda tem.